Eu adorava ir ao Mercado Mundo Mix e na Galeria Ourofino.
MERCADO MUNDO MIX
“Junte a balbúrdia de um feira livre com a variedade de uma camelódromo. Adicione uma boa dose de displicência cool de um brechó. Despeje grandes quantidades de fobia de parque infantil e de colorido de circo. Envenene com animação musical de uma festa de fundo de quintal de subúrbio. Decore com bastante atitude afetada de night club. Você pode até não gostar mas o apelo é irresistível” (Palomino 1999 citando Mario Mendes, revista Elle, março de 1998).
O fenômeno do Mercado Mundo Mix, mais conhecido como MMM, vem a completar a penetração do underground no mainstream.
Ele começou como uma única marca: Mundo Mix, que vendia camisetas numa lojinha dentro de um festival.
Foi o Festival Mix Brasil, de cinema e vídeo, que aconteceu em Dezembro de 1994, provendo um incipiente mercado de consumo gay, com roupas e afins. Daí surgiu a ideia de Beto Lago, ex–modelo e produtor junto com Jair Mercancini, jovem profissional da área de moda sobre um mercado mesmo.
A primeira edição do mercado, depois que saiu das idéias desses jovens e veio parar em São Paulo, aconteceu numa pequena garagem, em Pinheiros, com somente 11 expositores e 500 visitantes.
Alguns meses depois, os expositores cresceram para 60 e o sucesso fez com que o Mercado ganhasse as dependências de outra garagem, sua cara, seu público e sua mídia.
Em 1995, o evento atingiu um espaço de 6 mil metros quadrados e um público de 30 mil pessoas, agregando desde roupas de brechó até móveis, bares e muito mais. Em Julho desse mesmo ano, o mercado chegou ao Rio e em outubro a Belo Horizonte.
Começa assim, a correr pelo Brasil um formato diferente de feira de moda, com diferentes modelos de comportamento, que vão ser decisivos na influência da nova cara da juventude brasileira.
Estamos agora falando de um jovem que busca cada vez menos o binômio calça jeans e shopping center, que se diferencia através da roupa e da expressão pessoal e que pode até fazer sua opção sexual de forma mais livre, como veremos a seguir.
Segundo Palomino (1999), a impressão ao se chegar no mercado é mágica, pois a sensação é de sair da realidade e de adentrar num novo universo cheio de novidades, frescor e juventude.
Nessa época, começamos a encontrar o underground brasileiro.
Inicialmente no MMM só chamava atenção quem era “normal”, ou melhor, quem estava isento de tatuagens, piercings, cabelos coloridos e outros acessórios mais excêntricos.
Com o passar dos anos, a partir da dimensão que o evento tomou, o público se diversificou e, assim, através desse gigantismo, aconteceu uma descaracterização da proposta inicial, que só foi ser recuperada no final de 1997, a partir do projeto Mix Music.
Essa conexão com a música continuou na rádio Mix Music. E foi também em 1997 que o MMM realizou a primeira edição da Parada do Amor, versão Brasileira da Love Parade Alemã, a maior celebração de techno no mundo. Fica claro então como moda e música na cena Clubber sempre andaram juntas.
A primeira fase do mercado, aquela informal, vulgarmente chamada de Shopping Hype parece ter se extinguido rapidamente. O público inicial que era composto, segundo Palomino em 1999, por semelhantes que compartilhavam experiências e dançavam entre os estandes, sumiu.
E, com o passar do tempo, o underground foi se tornando “lugar comum”. O Público mudou de cara e a mistura foi intensificada. Agora, todo tipo de gente está atrás de um lugar para comprar roupas com preços e estilos convidativos, transita e consome por esses espaços. Houve, assim, um desencantamento do primeiro público que saiu em busca de outras novidades.
Esse descontentamento do público inicial dos mercados junto com a vontade de iniciar algo novo acabaram motivando um grupo de expositores para se associar. A ideia era aproveitar um aluguel barato, da Rua Augusta em São Paulo, e fazer uma versão permanente daquele tipo de Shopping Hype, que era o MMM no início.
Eles ocuparam a Galeria Ouro Fino, localizada entre a alameda Lorena e a rua Oscar Freire na cidade de São Paulo.
A GALERIA OUROFINO
Desde os anos 70 essa galeria tem tradição de compras em São Paulo, mas até 1997 estava habitada por lojinhas de balé, de cabides e alguns brechós. No entanto, com a iniciativa desses expositores, a galeria mudou sua cara e passa a ser agora habitada por jovens com atitude.
Os novos lojistas tomaram conta primeiro do subsolo, depois o térreo e primeiro andar. A galeria conseguia dar vazão a diferentes manifestações da moda relacionada à cultura jovem de São Paulo.
O lugar passou rapidamente a ser o termômetro da noite da cidade, além de ponto de encontro dos jovens que consomem esta moda. Por ali, eles se encontram e ficam sabendo onde ir na noite, ou melhor, “qual a boa da night”.
Para muitos, assim como eu, era na Galeria que ficávamos sabendo das festas nos night clubs e das Raves. Além de fazer coleção dos flyers que eram super descolados. Tenho uma pasta gigante com diversos flyers da época que não jogo fora e não troco por nada kkkk.
Hoje em dia, a cena mudou muito e toda aquela magia se perdeu. Infelizmente!!!
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